Para todos os meus amigos e amigas, parentes e parentas que dividem comigo as emoções e desesperos de cada dia!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Post do trabalho

Como prometido...o post do trabalho!!

Para os desatualizados, rs, vim para Bologna na Itália para estudar na Universidade de Bologna um antigo projeto (hoje spin-off da Facoltà di Agraria e Sociedade Ltda.) que está sendo exportado para o Brasil por um convênio com a Universidade de São Paulo.
O projeto se chama Last Minute Market e trata em termos gerais da transformação do desperdício em recurso.
Apesar de eu ter estudado bastante sobre o projeto quando ainda estava no Brasil, foi vindo aqui que consegui perceber o tamanho disso aqui na Itália.
E se a Itália é pequenina, o projeto aqui é maior que o próprio país...e mais legal: é super importante, valorizado e difundido.
Só quando vi de perto pude compreender a complexidade do "sistema", a importância do "objetivo" e a indispensabilidade da "essência".
Explico melhor.
Estão vendo todas essas caixas?
Aí dentro tem: frutas, verduras, carnes, frios, laticínios, produtos de padaria e bebidas não alcólicas.
Sabem o que é isso??
Produtos originados na "quebra" dos supermercados, ou seja, produtos que por algum motivo, perderam seu valor comercial e, por isso, a chance de serem escolhidos por nós, consumidores.
Podem ser frutas e verduras que já não são tão frescas assim, carnes e outros produtos próximos da data de vencimento, defeitos de confecção de embalagem...enfim, todos aqueles produtos que a gente joga de escanteio quando vamos às compras...claro, porque na maioria das vezes, a gente literalmente escolhe os produtos que colocamos em nosso carrinho.
Damos aquela apertada nos limões, arrancamos as folhas da coroa do abacaxi (se sair fácil, está maduro), deixamos cair uma lata, desprezamos as carnes que não possuem um vermelho reluzente, rasgamos o plásticos de caixinhas de chá (sem querer, claro) e por aí vai...
E fora o que acontece no ponto de venda, ainda podemos considerar defeitos, rupturas e outros problemas oriundos do transporte e armazenamento desses produtos.
O resultado é a quebra diária que acontece no interior de todos os supermercados do mundo!
Muitos ainda tentam estratégias (muitas vezes de sucesso) de vender esse tipo de produto por um preço mais baixo ou até abaixo do custo, mas nem sempre isso é possível. E quando não, sabem pra onde vão esses produtos?
Para essas caçambas...e daí, vão direto pro lixo.
O problema disso? Vários! E sob vários pontos de vista!
As empresas perdem porque seu custo aumenta e ela deixa de ser eficiente (afinal, ela comprou aqueles produtos). Além disso, pagam impostos ou taxas referentes à eliminação de resíduos, pagam transporte de lixo e consomem recursos para essa atividade (tempo, pessoas, capital).
Os aterros (quando esses produtos são corretamente destinados a aterros) são sobrecarregados, afinal, não é apenas matéria orgânica que tem ali.
O transporte e a "gestão" do lixo também consomem recursos.
Isso sem falar na incoerência: fome/necessidade versus desperdício de alimentos.
Ou seja, uma atividade que gera impactos sociais e ambientais negativos.

Mas o destino aqui é outro, muito positivo.
Esse furgão é de uma ONG que assiste famílias, dependentes químicos, crianças e idosos.
O resultado final recomeça aqui:
e se estende por tipologias diversas de investimento possíveis pela economia proporcionada.
Esse moço aí atrás, por exemplo, era um antigo assistido da ONG que hoje conseguiu uma "bolsa trabalho" para fazer a atividade de recuperação dos alimentos.
A ong tbm investiu na compra de um veículo adaptado próprio e acessórios para transportar alimentos que exigem refrigeração.
E os produtos alimentam vááárias pessoas!

Resultados: a empresa economiza e ainda ganha em imagem institucional; o ambiente ganha porque a quantidade de descarte, combustível e outros recursos diminui; a sociedade ganha porque é de alguma forma assistida com a doação dos alimentos.
Bom, né?

Muito bom, mas nem tão simples assim.
A lei italiana permite e incentiva o reaproveitamento, além de incentivar a recuperação de itens não alimentícios como livros, papel higiênico, parafármacos e outros itens de higiene pessoal.
Além disso, a participação dos governos municipais e das agências de vigilância sanitária é bem ativa.
Aqui, o Estatuto do Bom Samaritano já foi aprovado há muito tempo! Enquanto nós...não saímos do papel.

Por isso que disse sobre a
Complexidade do sistema:
Entidades públicas, privadas e terceiro setor envolvidos de forma sistêmica e sinérgica e amparados por legislação específica;
Importância do objetivo:
Redução de impactos negativos sociais e ambientais ao conseguir transformar o desperdício em recurso;
Indispensabilidade da essência:
O mais importante na minha opinião é a mensagem educativa que o projeto tenta passar.

Interessante também são as várias outras iniciativas do projeto para ampliar o alcance da mensagem.
Em 2009, o projeto esteve em Copenhagen no KlimaForum e contou com a publicação de alguns livros, envolvendo também teses de doutorado e dissertações de mestrado e seminários. Aqui e em outros países, contam também com eventos próprios e divulgação em eventos jornalísticos, científicos, políticos e de várias outras naturezas.
Um dos vários que pude presenciar, foi a apresentação dos resultados de um estudo sobre o desperdício de alimentos na Itália, seguida de algumas premiações e um almoço servido para 500 pessoas, feitos por chefs locais, utilizando alimentos recuperados.

Esperamos que o projeto no Brasil tenha o mesmo êxito que teve aqui na Itália, pois acredito que para a nossa realidade, isso é muito importante.
No mais, o que posso dizer é que visitem o site do projeto para saberem mais sobre a nossa iniciativa (está em italiano, mas da pra entender alguma coisa)
www.lastminutemarket.it

E como um dos objetivos do blog é contar minhas atividades aqui, hoje eu concedi uma entrevista ao vivo para a rádio RAI International.
Para quem quiser ouvir minha linda e doce voz na internet, o link fica disponível por uma semana:

http://www.international.rai.it/raitalia.tv/taccuino.php

Giovedì 11 novembre - Taccuino Italiano: Eccellenze
Ore 14.00 - 15.00
Taccuino - Eccellenze
. Al microfonoAndrea Antoniani, in studio con Katia Nobbio, per una puntata dedicata a Lezioni di Ecostile: non sprecare, consumare, crescere, vivere. Ospite: il Prof. Andrea Segré, Preside della Facoltà di Agraria di Bologna, inventore della formula anti-spreco "– SPR ECO".

 Até breve amigos.
Um beijo!

Uma nova definição de preguiça

Alguém já ouviu falar na palavra preguiça?
Pois então!
Para quem nunca ouviu falar, eu conto.

Segundo as definições do amigo Michaelis (meu companheirão aqui na Itália), a preguiça nada mais é do que a indisposição para o trabalho (euu???) ou até mesmo aversão por ele. Pode ser também o nome dado à uma espécie de mamífero da família dos Bradipodídeos :)
Porém eu vos dou uma definição mais completa, ou mais sensata, se assim preferirem...
Porque indisposição para o trabalho, eu tive várias vezes aqui....mas preguiça, não! Tipo, poderia estar indisposta porque estava com dor de cabeça, ou de barriga, ou sono (claro, sono é diferente de preguiça!)...
Então acredito que nosso amigo Michaelis é um tanto quanto iniciante...
Para mim, preguiça PODE ser indisposição para o trabalho, mas quem NUNCA sentiu preguiça de fazer uma coisa boa? Ou neutra, por natureza?
Quem nunca sentiu preguiça de sair com os amigos? De beber? De fazer sexo (ou amor, sei lá)? De tomar banho? E de lavar a cabeça então? De ligar para aquela sua tia que fala 30 minutos sem parar no telefone (Tia Silvia, não é vc!)? De estudar? De ir pra Faculdade? De pegar o busão? De postar fotos no facebook? De partir a uva em metades e tirar as sementes pra comer? De levantar da cama pra mudar de canal porque seu controle está sem pilha? E de atualizar um blog? Alguém? Alguém?
Portanto, segundo a minha definição, podemos ser preguiçosos também para as coisas que são boas e que não apresentam uma conotação de obrigatoriedade...como nosso trabalho...
Portanto, minha definição de preguiça seria a seguinte:
Preguiça é um estado temporário ou permanente de ânimo de uma pessoa, caracterizado pela indisposição e/ou aversão e/ou falta de vontade assumida de fazer qualquer tipo de atividade, sendo ela boa demais ou ruim demais, distribuídas em uma escala Likert de 7 pontos e que pode ocorrer por diversos motivos alheios ou não ao nosso conhecimento e percepção.
Pronto, acabei!

Isso significa que: apesar de ter adorado criar um blog, de ter ficado super satisfeita com meus seguidores e ainda de não ter um sentimento de obrigatoriedade em relação a ele, eu tinha PREGUIÇA de atualizá-lo...
Isso mesmo. Pronto, falei!

E o mais engraçado, sabe o que é?? Talvez seja sensato adicionar à sua definição (da preguiça) um resultado provável: preguiça gera preguiça!
Claro, porque depois de 18 dias sem atualização do blog, imaginem a preguiça que eu estou neste momento de resumir duas semanas e meia, de uma vida nada preguiçosa, nesse pedacinho de mundo!
Aff!!!
Portanto, não vou poder fazer apenas 1 post....e agora??
Se eu fizer mais de 1, algumas pessoas provavelmente vão ter preguiça de ler os outros...e não vão entender a história....mas quer saber?
Problema delas! :p

Vamos fazer assim:
Esse post é um esclarecimento.
Depois virá o post do trabalho (atividade sujeita à não realização segundo às definições de preguiça do dicionário Michaelis).
E depois o post do lazer (atividade sujeita à não realização segundo às minhas definições de preguiça).
Assim, posso resumir o que estive fazendo por aqui esses dias.

Espero que me desculpem.
E espero também que se atualizem porque muitos me cobraram. Se me abandonarem agora, eu ficarei muito triste!
Um beijo em todos e muita saudade!